Entrevista | Mariana David

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Mariana David
© Jonas Grebler

O MAGEM conheceu Mariana David na segunda edição dos Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia, em Juazeiro/BA. A jovem artista visual contou um pouco de sua história e falou de fotografia para o Blog.

Curriculum fornecido pela fotógrafa:

Mariana David, 26 anos, graduou-se em Direito, estudou Antropologia e largou tudo para se dedicar à Fotografia. Hoje, trabalha profissionalmente como fotógrafa há cerca de um ano. Neste tempo, participou de algumas exposições em Salvador, juntamente com outros jovens fotógrafos baianos e realizou uma exposição individual: "Olha-se de novo, Olha-se!". A mostra aconteceu na Galeria Pierre Verger como fruto de um edital realizado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia. Em 2009, foi selecionada para expor no Salão Regional de Artes Visuais da Bahia, em Juazeiro/BA, com o trabalho "Mergulho", que também foi contemplado com o Prêmio Fundação Cultural do Estado da Bahia. Além de realizar seus trabalhos autorais, Mariana David fotografa espetáculos de dança e teatro, editoriais de moda e stills para cinema. Atualmente, vive e trabalha em Salvador/BA.

Mergulho
© Mariana David

MAGEM: Como você começou na fotografia?

MARIANA DAVID: Venho de uma família que gosta muito de registrar todos os eventos familiares. Cresci cercada por álbuns de fotografia e tendo que fazer pose para as câmeras. Desde pequena, sempre levava minha máquina para a escola e para as viagens com os amigos. Eu era a "fotógrafa" oficial da turma. Sempre gostei muito de arte e ir à exposições de fotografia sempre foi um prazer imenso. Meu primeiro contato com um trabalho profundo de fotografia foi com o do Pierre Verger, numa das muitas exposições dele aqui em Salvador. Fiquei encantada com a possibilidade de registrar lugares desconhecidos, modos de vida tão diferentes do meu, que, para mim, se encaixa muito bem com a fotografia. Então, em 2006, comprei uma Nikon analógica com uma 50mm e comecei a fotografar tudo: os amigos, os amores, a cidade, pirações minhas, minha família. Sempre tive muitas dúvidas sobre qual seria o meu caminho no mundo e costumo dizer que não escolhi a fotografia, ela me escolheu e tornou-se inevitável ser outra coisa além de fotógrafa.

Jiquiriçá Azul
© Mariana David

MAGEM: Quais as suas influências dentro da arte fotográfica?

MARIANA DAVID: Mudam a todo momento. Tem os clássicos que, para mim, são fundamentais para entender a fotografia: Ansel Adams, Richard Avedon, Diane Arbus, Andre Kertesz. Gosto muito da ousadia do Man Ray e da coragem de Nan Goldin. Adoro o Jan Saudek, que assume a fotografia como arte. Atualmente, estou encantada com o trabalho do Antoine D´Agata, que é um fotógrafo da Magnum que realiza um trabalho super intenso. No Brasil, gosto muito do trabalho do Luiz Braga, do pessoal de Minas - Pedro David e João Castilho; da Bahia curto o trabalho do Mário Cravo Neto, Jonas Grebler e Valéria Simões. Gosto do Eustáquio Neves, que tem um trabalho lindíssimo com fotomontagens. Tem muita gente boa pelo mundo, produzindo fotos maravilhosas.

Jiquiriçá Azul
© Mariana David

MAGEM: Qual a sua maior dificuldade na edição de um trabalho?

MARIANA DAVID: Editar é uma arte, já dizia um amigo meu. Uma boa edição exige um bom conhecimento de sua obra, muito estudo, é necessario ver muitas e muitas fotos, para compreender que toda fotografia expressa uma idéia, uma visão, um sentimento. A grande dificuldade, que eu acho, é a de reunir um número suficiente de fotos, de um determinado tema, que consigam transmitir com uma grande intensidade o que o fotógrafo quer contar ao mundo. Alcançar essa intensidade e profundidade é o mais difícil e desafiador.

She came in through the bathroom window
© Mariana David

MAGEM: Photoshop, como você avalia a manipulação digital?

MARIANA DAVID: Manipulação de imagem e fotografia sempre caminharam juntas. A fotografia começou com muitas experiências dentro do quarto escuro. Desde o início, os fotógrafos alteravam as suas imagens no processo de revelação, seja expondo uma determinada área mais à luz, ou escurecendo uma parte da foto. Muitos fotógrafos geniais fizeram manipulações nas suas imagens, como o Jerry Uelsmann (que realizou fotomontagens belíssimas), o Jan Saudek (que coloria manualmente as suas fotos) e o Eustáquio Neves. Não sou contra o Photoshop: ele funciona como um laboratório de revelação virtual e serve à diferentes propósitos.

She came in through the bathroom window
© Mariana David

MAGEM: Uma frase?

MARIANA DAVID: Quero citar uma frase que traduz muito o que sinto nesse momento: "Não é o modo como um fotógrafo olha para o mundo que é importante e sim a relação íntima que estabelece com ele." - Antoine D´Agata.

© Mariana David

Outras imagens, através da galeria virtual da artista no Flickr.

Salão de Artes premia fotografia

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Mariana David - "Mergulho"
© Flávio Ciro

A jovem fotógrafa da cidade de Salvador/BA, Mariana David, foi a grande vencedora da segunda edição dos Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia, etapa Juazeiro.

Dentre esculturas, instalações, pinturas e audiovisual, a fotografia de Mariana se destacou em meio aos diversos gêneros presentes na mostra.

O evento foi aberto na última sexta-feira (21), no Centro de Cultura João Gilberto e prossegue até o dia 4 de outubro.

Em breve, a artista visual, Mariana David, estará comentando um pouco do seu trabalho aqui para o MAGEM.

Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia:
De 22/8 a 4/9
Horário(s): 8 às 22h (ter a sex)
Ingresso: Entrada franca
Local: Centro de Cultura João Gilberto
Endereço: Rua José Petitinga s/n – Stº Antônio - Juazeiro/BA
Telefone: (74) 3611-4322

Repassando...

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O blog Olha, Vê, do fotojornalista Alexandre Belém, publicou nesta segunda-feira uma entrevista que vale a pena conferir.

Eder Chiodetto
© Alcir Silva

Entrevistando | Eder Chiodetto

EDER CHIODETTO [...] a função do repórter-fotográfico nas redações. Cada vez mais burocrática, mais sem espaço para publicar reportagens fotográficas, menos viagens, mais retratos de celebridades e menos fotografia que revela os bastidores do país, mais fotos de assessorias, cada vez menos jornal e mais publicidade. Tem alguém aí para negar tudo isso?

E eu sou bicho fotógrafo. Adoro reportagem, adoro jornal. E por gostar é que sou obrigado a ver como as coisas estão se encaminhando e criticar. Mas também acho que toda crise é positiva. Estamos vivendo um momento de mudança de paradigmas. Esse velho modelo morreu. Os espaços são outros, os fotógrafos serão outros. Há vida inteligente nos blogs cada vez mais e nas redações cada vez menos. Vai sobreviver o fotógrafo que tiver autonomia cultural, idéias, histórias para contar. Até porque as fotos de grande impacto, dos acidentes, das enchentes, das catástrofes e de tudo que acontece sem estar agendado, é privilégio do taxista, do motoboy, da dona de casa, do açougueiro, de quem estiver com o celular mais perto da cena. Fotógrafo de jornal só faz agenda, pauta fria.

Que sentido tem então ficar dentro de uma redação esperando alguém para dizer qual é a história que você tem que fotografar? Enfim, só vai sobreviver neste mercado quem conseguir se diferenciar da massa. E fotógrafos profissionais não devem mais pensar como fotojornalistas, mas sim como fotodocumentaristas. Reflexão, profundidade, conhecimento, please!!!!!! Foto bonita, foto espetacular, foto de furo no dia a dia, creiam, todos os amadores estão fazendo o tempo todo. Essa nova leva de fotógrafos mais bem formados que começa a cavar novos espaços com determinação e talento, logo constituirão grupos, coletivos, serão patrocinados e será através deles que a fotografia vai voltar a ser, na mídia, a linguagem que dá as cartas, que pauta, que emociona, informa, humaniza [...]

Confira a entrevista completa no link http://www.olhave.com.br/blog/?p=3099.

"[...] aquelas simpáticas cores brilhantes você dá-nos [...]"¹

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© Afegã Sharbat Gula, 1984 - Fotografia de Steve McCurry captada com diapositivos Kodachrome

Já se passaram dois meses do fim da produção do Kodachrome. Foram 74 longos anos deste filme que eternizou imagens memoráveis no século XX. Entre elas, muitas capas da National Geographic.

Foi o Kodachrome que popularizou as fotos coloridas, com precisão e sutileza na variação de cores. Não se pode dizer que foi uma surpresa, já que a fotografia digital se popularizou tanto nos últimos anos, adquirindo precisão nas imagens, qualidade de reprodução, agilidade e economia no processo de revelação.

Enquanto as câmeras digitais e celulares permitem selecionar a imagem antes de revelar e fazê-la em poucos minutos, um rolo de Kodachrome tinha que ser enviado aos Estados Unidos e aguardar 14 dias para ver o resultado.

Cada vêz mais, a experiência de fotografar é diferente. Está migrando do artesanal de colocar o filme na máquina para o automático de nem ter máquina. Saca-se o celular de 8MP do bolso e faz a foto.

O que você acha desta nova maneira de fotografar? As inovações dos equipamentos contribuiram para o aperfeiçoamento do modo de se fazer fotografia? Deixem seus comentários.

Para celebrar o fim da produção dos rolos Kodachrome a Kodak criou uma galeria com um conjunto das melhores fotos tiradas com este tipo de rolo. Acesse aqui!

¹Trecho da música "Kodachrome", de Paul Simon.

Primeiro WPP da história

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© Mogens von Haven - Queda de motociclista durante corrida, 1955

Fotografia que venceu o primeiro World Press Photo da história, em 1955. A imagem foi capturada durante o Campeonato de Motocross da Dinamarca, em 28 de agosto de 1955, pelo fotógrafo Mogens von Haven.

Haven conseguiu retratar o exato momento da queda de um competidor e por pouco não foi atropelado pela motocicleta.

A voz da experiência

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Evandro Teixeira
© Flávio Ciro

No dia mundial da fotografia, o fotojornalista Evandro Teixeira marcou presença no MAGEM e contribuiu com algumas sábias palavras:

Sobre a fotografia...

[Evandro Teixeira] A fotografia, representa uma forma de entender o mundo, de se relacionar com a vida. Também, de mostrar as suas realidades, ou mostrar a realidade do mundo, de maneira visual.

Imagem que mais impressiona...

[Evandro Teixeira] Miliciano morto na Guerra Espanhola, de Robert Capa.

Essência do fotojornalismo...

[Evandro Teixeira] Estamos sempre, sempre evoluindo em relação a tecnologia. Antigamente, para transmitir uma foto, levávamos 30 minutos. Hoje, é imediato. Na sua essência, o fotojornalismo, não mudou. O importante, ainda é, contar e mostrar a sua realidade.

Fotografia de Juazeiro é terceira colocada em concurso

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Foi divulgado nesta quinta-feira (19) o resultado do concurso fotográfico "O céu da Bahia", promovido pelo Museu Parque do Saber Dival da Silva Pitombo.

A imagem classificada na terceira colocação foi capturada na cidade de Juazeiro/BA, pelo fotógrafo soteropolitano Ivan Barbosa da Cruz.

© Ivan Barbosa da Cruz

Confira o resultado completo do concurso no site do Clube de Fotografia Gerson Bullos.

Dia mundial da fotografia

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19 de agosto é o dia mundial da fotografia e nada como um pouco da história dessa arte para comemorar esta data especial.

Acredita-se que as primeiras imagens jornalísticas publicadas pela imprensa são panorâmicas da rua St. Maur, realizadas nos dias 25 e 26 de junho de 1848 pelo fotógrafo Thibaut durante uma revolta em Paris. Trata-se de matrizes fixadas em metal e reproduzidas em gravuras pelo jornal L'Illustration Journal Universel.

Porém, vários historiadores divergem desta informação. Alguns livros de História da Imprensa apontam que foi o periódico Illustrated London News, em 15 de abril de 1848, o primeiro a publicar uma imagem copiada manualmente de uma fotografia.

Há ainda os que consideram que as primeiras reportagens fotográficas realizadas no mundo foram capturadas por Roger Fenton na Guerra da Criméia, em 1855, e Mathew Brady, em 1861 e 1865, na cobertura da Guerra de Secessão.

Naquela época os métodos de impressão ainda não permitiam a reprodução fotográfica nas páginas dos jornais. As fotos serviam apenas de orientação paras os desenhistas reproduzirem os fatos.

A fotografia só pode ser impressa a partir da invenção do sistema de retícula, que decompõe a fotografia em pontos de tamanho variável, permitindo a impressão do meio-tom. Portanto, as primeiras fotos publicadas em jornal só vão aparecer em 1880. Alguns pesquisadores creditam a primazia ao Daily Herald, e, a maioria, ao Daily Graphic, com uma foto de 04 de março de 1880, de autoria de Stephen Horgan, intitulada “A scene in Shantytown”.


Fonte:Fotosite

Sobre Euvaldo

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© Foto do arquivo pessoal da família Macedo

EUVALDO MENDES DE MACEDO FILHO (1952-1982) - nasceu em Juazeiro da Bahia. Poeta, fotógrafo e documentarista, adquiriu grande parte de sua formação na prática, e através de cursos “livres”, realizados na década 70, a exemplo do CURSO DE FORMAÇÃO DE CINEGRAFISTAS, da Universidade Pioneira de Integração Social- UPIS (Brasília-DF) e do CURSO INTENSIVO DE DOCUMENTARISTAS – da Universidade Federal da Bahia / Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Produções fotográficas publicadas: BRAVA GENTE SERTANEJA (portfólio) – na Revista Foto-Câmera n° 08/1980; EUVALDO MACEDO (portfólio) – na Revista Iris n° 329/1980; em PRESENÇA DA CRIANÇA NA AMERICA LATINA (livro-álbum coletivo) – publicação bilíngüe do UNICEF/1980; em O HOMEM BRASILEIRO E SUAS RAIZES CULTURAIS (revista-catálogo) – Exposição 150 anos da Kodak/1980; nas Revistas FOTOBAHIA 79 e FOTOBAHIA 80 (revistas-catálogo do coletivo).

Exposições fotográficas realizadas: TRISTES ANGARIS (individual, 40 fotos) – Hall do Centro Social Urbano de Juazeiro, 1977, Juazeiro/BA; NAS TERRAS DE SÃO SURUBIM (individual, 100 fotos) - Foyer do Teatro Castro Alves, Salvador – BA/1979; ALMAS PENITENTES (individual, 35 fotos) - Galeria do Instituto Cultural Brasil/Alemanha - ICBA, Salvador-BA/1979.

© Foto do arquivo pessoal da família Macedo

Participações em exposições coletivas: FOTOBAHIA 79 (02 fotografias selecionadas) e FOTOBAHIA 80 (02 fotografias selecionadas) - Museu de Arte Moderna, Salvador/BA; 150 ANOS DE KODAK (ensaio sobre Penitentes, 05 fotos) – MASP, São Paulo/1980; HECHO EN LATINOAMERICA II (03 fotos) - Consejo Mexicano de Fotografia, A.C.- México/D.F./1980.

• Publicações póstumas: EUVALDO MACEDO FILHO – FOTOGRAFIAS (livro-álbum de fotos e poesias), 1986, Petrolina-PE; DE APARÊNCIAS E DE COISAS (exposição fotográfica) – SESC – Petrolina/PE, de abril a maio de 2007.

• Produção literária inédita: CAUIM DE CURARE (livro de poesias), 1981.

© Foto do arquivo pessoal da família Macedo

"Fotografar ficou sendo minha missão, minha aproximação dos mistérios, do GRANDE MISTERIO QUE É VIVER.(...) Nunca fotografei para paradas de sucesso. Eu me respeito e a fotografia".

(Euvaldo Macedo Filho)

Jovens cada vez mais inseridos no "Aldeia do Velho Chico"

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O "V Festival de Artes do Vale do São Francisco" chega ao final de mais uma edição. Foram 15 dias de espetáculos.
© Cecílio Bastos

Todos os anos, o último dia do evento é marcado pelo "Virarte". 12h de artes sem parar.
© Cecílio Bastos

Durante todo o evento, o público teve a oportunidade de se divertir com peças teatrais, oficinas, exposições e shows.
© Silvana Costa

Também conhecido como "Aldeia do Velho Chico", o Festival a cada ano apresenta uma gama variada de espetáculos.
© Silvana Costa

No "Virarte", a participação das crianças chamou a atenção do público.
© Silvana Costa

O "Encontro Clássico de Ballet" foi um dos espetáculos que expôs toda a graciosidade das crianças.
© Cecílio Bastos

Apesar da idade dos pequeninos, a dedicação, a disciplina e a seriedade impressionaram e as crianças arrancaram calorosos aplausos da plateia.
© Cecílio Bastos

O envolvimento dos jovens com a cultura potencializa a educação e fortalece a interrelação pacífica da sociedade.
© Cecílio Bastos

A garra e o esforço dos partipantes foram reconhecidos pelas centenas de pessoas que visitaram o evento.
© Cecílio Bastos

O "Aldeia" chegou ao fim. Frutos foram colhidos e novas sementes foram plantadas. Agora é ficar na espectativa do VI Festival e torcer para que a cada ano o movimento se engrandeça ainda mais.
© Silvana Costa

Surrealismo fotográfico

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© Jean Marc Godès - "Les oiseaux"

Como parte da programação do evento “Ano da França no Brasil”, uma iniciativa do governo dos dois países, o artista plástico francês Jean Marc Godès está em visita à cidade de Juazeiro/BA.

© Jean Marc Godès - "Fugue"

A técnica de Godès consiste no registro fotográfico de instalações por ele mesmo construídas. Em suas produções, denominadas pelo próprio artista de “foto poética”, o francês enfatiza o livro e a leitura. “Meu objetivo é convocar a imaginação, estimular o desejo da leitura através de uma imagem, um momento”, diz Godès.

© Jean Marc Godès - "Ecrivain public"

Para cada obra Godès afirma desenvolver um trabalho de pesquisa analisando padrões artísticos. O objetivo, segundo ele, é tornar o encenado das fotografias “um momento situado em ambos os lados da fronteira da realidade”. Godès explicita que em nenhum momento manipula suas imagens em softwares.

© Jean Marc Godès - "Le pèlerin"

O artista desenvolve trabalhos por onde passa. “Em um mundo dominado pela imagem, por uma galeria de retratos, ao longo de uma viagem sonhada, eu construí mundos incertos envolvidos na interpretação da realidade”, revela.

© Jean Marc Godès - "Le champ"

O trabalho de Godès está em exposição pelo Brasil e em novembro chega à Juazeiro. Você pode conhecer mais sobre a produção do artista plástico através do blog http://photolivre.canalblog.com.

Aos 62 anos morre o fotógrafo Mario Cravo Neto

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© Mario Cravo Neto - Foto: Márcio Lima

Faleceu na tarde do último domingo (09) o fotógrafo Mario Cravo Neto, 62, em Salvador/BA. Ele estava internado há três semanas no Hospital Aliança lutando contra um câncer de pele.

Nascido em 1947 em Salvador/BA, Cravo Neto começou na arte aos 18 anos, desenvolvendo trabalhos em escultura e fotografia. Ele participou de cinco bienais de São Paulo (1971, 1973, 1975, 1977 e 1983), além de inúmeras mostras de fotografia na Europa e nos EUA.

Sua obra é conhecida pelo diálogo com a religiosidade, com os cultos afro-brasileiros e por sua forte ligação com a Bahia. Lançou diversos livros, sendo o mais recente "O Tigre do Dahomey: A Serpente de Whydah", de 2004.

Dia dos pais

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© Cecílio Bastos

Profissão de fotógrafo poderá ser regulamentada

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© Foto da web

A profissão de fotógrafo poderá ser regulamentada, de acordo com o Projeto de Lei 5187/09 que tramita na Câmara dos Deputados. A proposta, de autoria do deputado federal Severiano Alves (PDT-BA) prevê a prática fotográfica profissional para os graduados em fotografia no Brasil, desde que em universidades devidamente reconhecidas, bem como os diplomados em fotografia por escolas de nível superior localizadas no exterior, cujos diplomas foram revalidados no Brasil, conforme a legislação vigente.

De acordo com o Projeto, os fotógrafos não graduados que exercem a profissão há pelo menos dois anos consecutivos ou quatro anos intercalados poderão ser reconhecidos como fotógrafos profissionais mediante comprovação da sua atividade. Essa comprovação poderá ser feita por meio de entidades de classe, registros na carteira profissional e recibos de pagamento.

Alves avalia que "não ter a profissão reconhecida é uma discrepância", considerando que “o Brasil é pioneiro nessa técnica”. Destaca ainda que em quase todo o mundo a profissão de fotógrafo é reconhecida e regulamentada, e cita como exemplos os Estados Unidos, que em 1978 já tinham mais de quatro mil cursos de graduação e 918 de pós na área, e o Peru, cuja Academia de Fotografia já tem 70 anos. Entretanto, alguns profissionais da área analisam a proposta de Alves como embate entre conhecimento prático e técnico. "Sou a favor de que todo o profissional tenha uma boa formação. Mas isso não significa, necessariamente, uma formação acadêmica. O que regulamenta é o talento. Como você vai formar isso em uma escola?", questionou o fotógrafo Orlando Brito.

O fotógrafo Orlando Brito

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© Orlando Brito

Caminhando pela história da política brasileira pode-se deparar com um apreciável portfólio, em que se encontram registrados alguns dos mais importantes cenários de ruas e bastidores palacianos. Dono de uma composição precisa, técnica exemplar e poucos maneirismos, Orlando Péricles Brito de Oliveira, mineiro, nascido em 8 de fevereiro de 1950, chegou a Brasília antes mesmo da inauguração da capital. Começou sua carreira aos 14 anos de idade como laboratorista na sucursal brasiliense do jornal carioca Última Hora.

“Em pouco tempo eu estava no cenário onde aconteciam os fatos de maior relevância da vida política do Brasil – o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional -, com uma câmera pendurada no pescoço, cara a cara com os maiores personagens da República e os atos que decidiam a vida do país”, conta o fotógrafo.

De 1968 a 1982, Brito trabalhou em O Globo. Depois transferiu-se para a Revista Veja, onde ficou por 16 anos, no período de 1982 a 1998, produziu 113 capas como fotojornalista e, em São Paulo atuou como editor de fotografia da revista. Trabalhou ainda no Jornal do Brasil, no Rio, como editor de fotografia em 1988 e 1989. Atualmente mantém, em Brasília, a agência de notícias ObritoNews, responsável pelas fotos da campanha eleitoral do segundo mandado do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.

Brito é autor dos livros: Perfil do Poder (1982); Senhoras e Senhores (1992); Poder, glória e solidão (2002); Iluminada Capital (2003); e Corpo e Alma (2006). Atualmente está produzindo a sequencia de Poder, glória e solidão, intitulado Poder, vitórias e derrotas, além de Raízes do Brasil. Tem fotos no Museu de Artes de São Paulo (MASP), Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio e de São Paulo e em outras galerias de arte brasileiras. Fez várias exposições individuais e participou de mais de quarenta exibições coletivas no Brasil e no exterior: Londres, Nova Iorque, Paris, Tóquio, Madri, Lisboa, Basiléia, Buenos Aires, México e outras cidades.

Em 1979, ganhou o prêmio World Press Photo do Museu Van Gogh, de Amsterdã. Recebeu onze vezes o Prêmio Abril de Fotografia, conquistou os Prêmios de Aquisição da Primeira Bienal de Fotografia do Museu de Artes de São Paulo e da Bienal Internacional de Fotografia de Curitiba, além da Bolsa de Fotografia da Fundação Vitae, em 1991.

MAGEM apresenta: Orlando Brito – "Corpo e Alma"

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© Orlando Brito - "Zé e Zefa"

Para quem imagina um Orlando Brito focado na temática da política nacional, encontrará em cartaz no MAGEM, um fotojornalista diferente. Em seu trabalho Corpo e Alma, publicado em 2006, Brito surpreende com a exploração de espaços diversos, valorizando o ser humano em sua mais divina existência e modo de sobreviver.

O caráter documental do trabalho está nas minúcias, no emaranhado de detalhes e na concepção autoral de cada fotografia. Sai de cena o retrato político e entra o humano em sua mais bela expressão de corpo e alma. Seja na força do olhar, seja na intimidade da introspecção, o que pulsa das imagens é essencialmente a mensagem projetada em cada indivíduo.

© Orlando Brito - "Falcão Negro"

Tecnicamente o que mais chama atenção nas fotografias é a ousadia do fotógrafo na utilização plena do contraste. A luz é o outro elemento trabalhado com maestria por Brito, gerando uma textura nas imagens que impressiona sempre com os detalhes.

A exposição, selecionada a partir do livro de mesmo nome da mostra, é composta por 24fotografias e permanecerá aberta para visitação até o dia 20 de agosto, no Departamento de Ciências Humanas, da UNEB, em Juazeiro.

Exposição:
Orlando Brito – Corpo e Alma
Aberta ao público:
de 01 a 20 de agosto de 2009
Onde: Universidade do Estado da Bahia – DCH III
Endereço: Avenida Edgar Chastinet, S/N, São Geraldo – Juazeiro/BA
Horário: de segunda a sexta, das 14h às 22h. Sábado, das 14h às 18h
Entrada gratuita
Mais informações entre em contato: galeriadefotografia@gmail.com

© Orlando Brito - "Yaualapiti"

Divulgado os vencedores do concurso de fotografia da Diocese de Petrolina

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Tema: "Diocese de Petrolina, 85 anos de História"
Categoria: Livre

A comissão do concurso de fotografia organizado em comemoração a festa de Jubileu da Diocese, revelou as 3 fotografias premiadas.

Foram mais de 60 trabalhos inscritos, avaliados de acordo com a adequação ao tema, a criatividade no olhar, a qualidade do material e a apreciação subjetiva dos julgadores.

Os estudantes de Jornalismo em Multimeios da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Cecílio Bastos e Ilana Copque, foram premiados com a primeira e a terceira colocação respectivamente. A segunda colocação ficou com a estudante de Ciências Sociais, Eliane Ferreira, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).


© 1ª colocação / "Reza" - Foto: Cecílio Bastos

© 3ª colocação / "Zeladora" - Foto: Ilana Copque

Sobre fotojornalismo e esquizofrenia social

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Ao clicar a atividade do poder ilegal na sociedade, o fotojornalista sem dúvida corre risco

Guillermo Planel¹

Diante de estados paralelos implantados pela força, de arbitrariedades praticadas por adolescentes pesadamente armados e drogados, quase sempre mandantes que impõem sua lei em comunidades da periferia, tudo isso aliado ao descaso das políticas públicas sociais praticadas pelos vários âmbitos governamentais e legalmente desacreditadas pela maioria da população, o trabalho do fotojornalista como testemunha de um processo social em conflito, muitas vezes traz um dilema não apenas ético, mas profissional no sentido de até onde se arriscar e quanto vai valer essa imagem na publicação do jornal, se é que ela vai ser publicada na próxima edição.

No confronto, alguns fotógrafos da imprensa são as testemunhas designadas para registrar fatos derradeiros, crueldades e injustiças praticadas por poderes não-oficiais e ilegais, contra a sociedade de uma forma geral e contra a comunidade carente de uma forma direta. O fotógrafo que arrisca a vida ao fotografar o confronto armado entre facções, entre máfias urbanas contra a polícia, na maioria de suas incursões de registro, seu trabalho geralmente é odiado pela comunidade, na maioria das vezes incomoda a polícia, e sempre será perseguido pelo tráfico.

Todos esses processos de denúncia e intervenção são conhecidos e aceitáveis dentro do preconceito que se encerram neles mesmos. Porém, existe uma situação na profissão, que poucas vezes é comentada: o desconforto que esse trabalho provoca perante vários colegas de profissão. No momento em que um profissional de jornal é pautado para registrar um confronto armado, ele em primeiro lugar se prepara psicologicamente para entrar no inferno em breves minutos e, a partir disso, estará exposto a toda sorte de conseqüências com o seu trabalho.

Há pouco tempo, fotos de traficantes armados em uma comunidade do Rio saíram sem crédito do autor da foto em um grande jornal carioca. No meio profissional, a autoria das fotos foi prontamente reconhecida pelo estilo de fotografar do autor, apesar de não constar o crédito na imagem publicada. Nesse momento o jornal está tentando preservar a identidade e a segurança do profissional, já que ele terá de voltar na mesma comunidade, sem saber se será no dia seguinte, em uma semana ou em um ano e, quem sabe, repetir mais uma vez a ousadia de registrar o ilícito, frente a frente, mostrando ao leitor com fidelidade o fato ocorrido, sem manobras ou ajustes.

Ao clicar a atividade do poder ilegal na sociedade, o fotojornalista não está agradando a nenhum envolvido nesse ato, inclusive com possibilidades de vingança imediata, o que, sem dúvida, gera risco. Há quem acredite que esse tipo de registro pode vir a expor outros profissionais involuntariamente a situações de retaliação por parte de bandidos, policiais ou milícias participantes dessa triste realidade. Até mesmo o fotógrafo e o jornalista que registram outros aspectos e fatos da comunidade que não sejam conflitos, podem se sentir expostos à violência por parte de quem se sente ofendido com o registro de suas ações nessas comunidades.

Há quem diga que isso na realidade é a disputa pelo melhor ângulo, pela melhor foto, pela possibilidade da primeira página, o que isoladamente não justificaria o risco e tornaria o fato banal, contrariando fortemente o propósito do registro daquele momento. Ainda mais quando o jornal deixa de publicar excelentes fotos por outros diversos motivos.
Outra realidade nos mostra que devemos ter consciência de que no registro de conflitos armados não existe a possibilidade do jornalista ficar no meio entre os dois pontos do confronto. Ao se posicionar atrás da polícia, o fotojornalista está validando uma atitude de sobrevivência por determinação do próprio poder paralelo, sabendo que o tiro também pode vir pelas costas.

O registro fotográfico de conflitos armados no Rio de Janeiro é um dos poucos processos de conflitos no âmbito mundial onde a esquizofrenia como forma social é determinante no dia-a-dia do trabalho. Com isso, queremos explicar que o fotógrafo sai todo dia de sua casa, passa pela redação do jornal e mergulha em uma guerra civil que não é sua, cobre essa guerra e é cruelmente exposto à violência, à morte sumária e é duramente criticado por sua atuação. É a ida do inferno ao céu em questão de segundos, do bem ao mal em um clique da máquina, do justo ao injusto em uma fechada de pálpebras.

É nesse tipo de comportamento que a esquizofrenia social, se é que existe, se representa através da dualidade de comportamento não desejado pelo individuo que está participando do processo. Diferente de outros teatros de guerra, no Rio de Janeiro o fotógrafo sai diariamente de sua casa, da segurança de sua família, de seus filhos, seus maridos, suas esposas, para ir direto ao estômago do inferno, registrar a crueldade imposta à uma comunidade que invariavelmente não gostaria de se ver exposta naquela situação, e voltar à noitinha, se perguntando se aquela foto que ele registrou de uma criança sendo carregada no colo, no meio de um intenso tiroteio, pelo pai, com o aviso pichado no muro para que os moradores da comunidade não saiam em dia de guerra, vai ser publicada no jornal ou não, valendo a pena ou não ter feito o registro.

Sem dúvida nenhuma, ao analisar mesmo que superficialmente esses assuntos e suas variantes, percebemos que a única verdade plausível é que neste mundo cão, muita gente briga e ninguém tem razão. O registro visual dos fatos, de alguma forma, tenta minimizar esta realidade.

¹Guillermo Planel é fotojornalista e autor do documentário Abaixando a máquina – Ética e dor no fotojornalismo carioca.
Disponível em Portal Photos

Woodstock 40 anos

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© Foto de Burk Uzzle - Woodstock, 1969

Milhares de mentes voltadas para dois sentimentos: a paz e o amor. Uma legião jamais vista. Foram mais de 300 mil pessoas na maior manifestação do movimento hippie. O Festival de Woodstock realizado pela primeira vez em Bethel (EUA), na década de 60, celebra nesse mês de agosto 40 anos.

Em meio àquela histórica e pacífica celebração estava o fotógrafo Burk Uzzle. Ao invés de documentar a música, Uzzle optou por se concentrar em detalhes da vida. Foram três dias de trabalho fotográfico regido na perspectiva de um participante. Ao escolher esse caminho, o fotógrafo captou o espírito da festa e, sem dúvida, de uma era.

Burk Uzzle começou a trabalhar aos 14 anos, teve seu primeiro emprego de fotógrafo em tempo integral aos 17 anos de idade. Alguns anos depois, se tornou o mais jovem contratado da revista LIFE. Por duas vezes foi eleito presidente da Agência Magnum.

Mais fotos de Burk Uzzle:





Rio de Janeiro recebe a World Press Photo

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© Foto de Luiz Vasconcelos

A mais importante exposição do fotojornalismo mundial está no Brasil. Até o dia 23 de agosto, a Caixa Cultural, do Rio de Janeiro, abre as portas para a Mostra Internacional da World Press Photo.

O objetivo é mostrar em 196 fotos os acontecimentos marcantes de 2008 no universo da política, da natureza, da economia, do esporte e da cultura.

Desde maio a mostra percorre o mundo. Até dezembro serão 61 cidades, em um total de 37 países e média de dois milhões de pessoas que acolheram esta exposição. O Rio de Janeiro é a primeira cidade da América Latina que recebe o evento.

Exposição World Press Photo 2009
Onde: Caixa Cultural - Av. Almirante Barroso, 25 - Centro, próximo ao metrô Estação Carioca
Quando: Até 23 de agosto - terça a sábado, 10h às 22h; domingo, 10h às 21h
Quanto: Entrada franca

EU: isso de mim

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Poema e foto: Jaquelyne Costa*

Um toque
a luz corre
marca, petrifica
e eu fico ali
eternizada no papel.
Terei para sempre aquela idade
aquele rosto
aquela roupa
terei para sempre a atmosfera
que me guardava de mim
que me extravasava de mim
saltava de meus olhos
curiosos, em busca de redescobertas.
Um toque
a luz vem ao meu auxílio
e minha imagem escorre de mim
ficarei arrecadada como se tivesse
essa enorme necessidade de ver
que um dia fui essa que hoje
por enquanto ainda sou.
Tentativas, poses,
cores, partes,
todos,
e eu vou sendo construída
como se nunca eu houvesse
como se agora eu vivesse
surgisse de repente
naquela luz que corre
naquela máquina que clica.
Eu sou o meu melhor retrato
das coisas que eu perco e refaço
de mim.
Eu sou aquela matéria viva
que morre, cresce e solidifica
reerguendo-se inteiramente
sem faltar sequer uma estilha.
Eu sou aquilo que eu quero ser
e o que não posso também.
Por vezes sou azul, outras rosa, amarela
preta e branca, contrastada propositadamente.
Eu sou aquelas várias incidências de luzes,
ângulos obtusos, aparências angulosas.
Eu sou apenas isto:
retração luzidia de mim.

Jaquelyne Costa é estudante de jornalismo e poetisa.