Imagens sonoras

Por Luis Osete

© Daniel Wolff e João Pedro - Foto de Silvana Costa

João Pedro Borges e Daniel Wolff. Dois violões. Duas trajetórias diferentes que, desde o dia primeiro de maio, se encontraram para a apresentação de uma retrospectiva musical brasileira, por meio do projeto “Sonora Brasil”, iniciativa do SESC.

Como se cumprissem uma maratona pelos palcos brasileiros, os dois compositores, arranjadores e violonistas saíram do sul, passaram pelo sudeste, centro-oeste, norte e, para compor o caleidoscópio musical, desembarcaram no nordeste, onde, segundo João Pedro, “o público é mais caloroso”.

E, por falar em calor, o último concerto regido pela dupla, em Pernambuco, veio atravessar o marasmo musical da noite de quinta-feira (30). Da margem esquerda do Velho Chico, João Pedro e Daniel Wolff partem para Alagoas e Bahia, cumprindo as 81 apresentações previstas na primeira das quatro etapas do “Sonora Brasil”.

Depois de finalizar o concerto do SESC Petrolina fazendo uma homenagem a Ernesto Nazareth, o bem-humorado Daniel Wolff, primeiro brasileiro a defender uma tese de doutorado em música, concedeu entrevista ao MAGEM:

© Daniel Wolff - Foto de Cecílio Bastos

MAGEM – Como se deu a sua formação musical?

Daniel Wolff – Eu fiz minha graduação em Montevidéu (Uruguai), depois fiz mestrado e doutorado em Nova York (Estados Unidos). Passei num concurso para professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde trabalho. Fui professor-visitante da Universidade de Arte de Berlim, na época em que morei na Alemanha. E, paralelamente à carreira acadêmica, gravei discos, fiz trilha para cinema, trabalhei como arranjador...

MAGEM – Já tem quantos CD’s lançados?

DW – Meus, uns cinco. Mas tenho participações em discos de outros músicos ou músicas minhas que gravaram...

MAGEM – Como surgiu o convite do SESC?

DW – Eu acho que foi por conhecerem meu trabalho. Os artigos que publico. Já publiquei vários artigos em revistas especializadas, daqui, da Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos. Eles [SESC] queriam alguém que pudesse tocar e também fazer essa parte pedagógica. Falar sobre as peças, explicar um pouquinho...

MAGEM – A gente percebe que há essa preocupação. Explicar cada música...

DW – Isso está na determinação sonórica. A gente não pode só tocar, mas também falar sobre as peças. Tem um forte componente pedagógico, didático, no projeto.

MAGEM – Como você entende a música enquanto função pedagógica? A arte pode ser usada como uma forma de educação?

DW – A arte é usada. Muito usada como educação. O desenvolvimento da educação musical no Brasil está bastante alto, tanto que eles [MEC] aprovaram na nova Lei de Diretrizes e Bases, que deve valer a partir de 2012, a obrigatoriedade da música nas escolas. Estão aumentando os cursos voltados para a área de educação musical, como os cursos de licenciatura em música, que tem uma grande procura em todas as universidades do Brasil. Ao ponto de não conseguir suprir a demanda. Os cursos de Educação à Distância surgiram justamente para poder formar professores de arte à distância, com pólos espalhados em todo o Brasil.

MAGEM – Você tem acompanhado o trabalho da música nas escolas de ensino médio e fundamental?

DW – Sim. Teve uma época em que aula de música era comum nas escolas. Algo que sumiu dos currículos, está voltando agora. E eu percebo que nos países desenvolvidos a educação musical está presente desde o início, já no ensino básico. Vai levar alguns anos pra gente começar a colher frutos, mas certamente vai remeter num maior senso de cidadania, e responsabilidade social.

© João Pedro - Foto de Cecílio Bastos

© João Pedro - Foto de Silvana Costa

© João Pedro e Daniel Wolff - Foto de Cecílio Bastos

3 comentários:

Viana disse...

Foi muito legal esse show. Qualidade pura. Fotos interessantes!

Cisso disse...

Sua fotografia do João Pedro (solo) ficou show Cissa! Acertou certinho na luz. Enquadrou legal também. Mandando ver.

Anônimo disse...

bom comeco