Repassando...

O blog Olha, Vê, do fotojornalista Alexandre Belém, publicou nesta segunda-feira uma entrevista que vale a pena conferir.

Eder Chiodetto
© Alcir Silva

Entrevistando | Eder Chiodetto

EDER CHIODETTO [...] a função do repórter-fotográfico nas redações. Cada vez mais burocrática, mais sem espaço para publicar reportagens fotográficas, menos viagens, mais retratos de celebridades e menos fotografia que revela os bastidores do país, mais fotos de assessorias, cada vez menos jornal e mais publicidade. Tem alguém aí para negar tudo isso?

E eu sou bicho fotógrafo. Adoro reportagem, adoro jornal. E por gostar é que sou obrigado a ver como as coisas estão se encaminhando e criticar. Mas também acho que toda crise é positiva. Estamos vivendo um momento de mudança de paradigmas. Esse velho modelo morreu. Os espaços são outros, os fotógrafos serão outros. Há vida inteligente nos blogs cada vez mais e nas redações cada vez menos. Vai sobreviver o fotógrafo que tiver autonomia cultural, idéias, histórias para contar. Até porque as fotos de grande impacto, dos acidentes, das enchentes, das catástrofes e de tudo que acontece sem estar agendado, é privilégio do taxista, do motoboy, da dona de casa, do açougueiro, de quem estiver com o celular mais perto da cena. Fotógrafo de jornal só faz agenda, pauta fria.

Que sentido tem então ficar dentro de uma redação esperando alguém para dizer qual é a história que você tem que fotografar? Enfim, só vai sobreviver neste mercado quem conseguir se diferenciar da massa. E fotógrafos profissionais não devem mais pensar como fotojornalistas, mas sim como fotodocumentaristas. Reflexão, profundidade, conhecimento, please!!!!!! Foto bonita, foto espetacular, foto de furo no dia a dia, creiam, todos os amadores estão fazendo o tempo todo. Essa nova leva de fotógrafos mais bem formados que começa a cavar novos espaços com determinação e talento, logo constituirão grupos, coletivos, serão patrocinados e será através deles que a fotografia vai voltar a ser, na mídia, a linguagem que dá as cartas, que pauta, que emociona, informa, humaniza [...]

Confira a entrevista completa no link http://www.olhave.com.br/blog/?p=3099.

2 comentários:

Flavio Ciro disse...

Bela entrevista. Bem propria e dentro dos questionamentos que todos nos fazemos sobre nosso trabalho. A fotografia de jornal, sofre do mesmo mal que todas as atividades. A economia nos procedimentos tiram a oportunidade criativa dos fotografos. As cobertutas são mais pensadas em termos financeiros e inviabilizam um exercicio pleno do fotojornalismo.
Mas olha. Hoje temos mais espaço para empreender nossos sonhos. Nada acabou.

Carina Simas disse...

A falta de cultura realmente afeta a maioria dos que se dizem fotojornalistas atualmente. O que se vê é a maioria fazendo a mesma foto do guri que clica com um celular.