Pode a fotografia transformar a sociedade?

Por Francisco Lopes Filho*
Foto: Associated Press

A fotografia é uma linguagem universal que pode passar sentimentos, emoções e revolta que muitas vezes não podem ser transmitidos por palavras. Quando fotografamos passamos a observar as pessoas e a natureza de uma maneira diferente, e nossa visão do mundo se transforma, se torna mais sensível.


©Teerão, Irã, 2009 - AP

Às vezes uma imagem pode denunciar fatos importantes ou até mesmo contribuir para a solução – desencadeamento - de um conflito. Foi através de fotos feitas pela força aérea norte-americana durante a guerra fria, em 1962, que os Estados Unidos descobriram bases de mísseis soviéticos instaladas em Cuba. Esse acontecimento quase provoca um conflito armado entre EUA e a então União Soviética.

Durante a guerra do Vietnã, imagens chocantes, principalmente a foto de uma garota correndo nua e com o corpo cheio de queimaduras provocadas pelo bombardeio americano feita pelo fotógrafo Nick Ut, da Associated Press, sensibilizou a opinião pública mundial e de modo especial, a americana, fazendo com que os governantes optassem pelo fim do conflito.

Com o advento da fotografia digital, podemos ver os acontecimentos mundiais quase que em tempo real. Durante a guerra do Iraque viamos todos os dias pela internet, jornais e revistas as fotos dos bombardeios das forças de coalizão, que mostravam a destruição e o sofrimento da população civil, principalmente crianças e idosos.

Possivelmente essas fotos feitas no Iraque sensibilizaram pessoas do mundo inteiro, que como sabemos protestaram muito, para que as forças anglo-americanas parassem os bombardeios e suspendessem aquele indesejável conflito.

Em junho deste ano, o presidente do Irã, Mahmood Ahmadi-Nejad que governa desde 2005 foi re-eleito sob suspeitas de fraudes nas eleições. Milhares de jovens iranianos saíram às ruas de Teerã, capital do país em protesto onde travaram com o exército, verdadeiras batalhas, sendo que em uma dessas , foi morta a estudante de 23 anos Neda Agha Soltan. Toda a revolta que durou vários dias, foi documentada por fotógrafos clandestinos e pelo próprio povo, usando câmeras de telefones celulares. As fotos assim obtidas, percorreram o mundo através da internet, jornais e TVs, causando grande comoção.

Esses acontecimentos demonstram o poder que tem a fotografia. E se com este poder, não transformar a sociedade, pode ser uma grande aliada neste processo, que deve nascer em cada um de nós, todo dia, para que transformações realmente efetivas, e sempre, para o bem, aconteçam.


*Francisco LOPES Filho é fotógrafo e Engenheiro Agrônomo com mestrado em Agronomia pela Universidade Federal do Ceará.

2 comentários:

Mirian disse...

É o poder de imortalizar um acontecimento.

Silas disse...

A fotografia, desde que não alterada, pode ser um recorte fiel de um momento.